segunda-feira, 28 de junho de 2010

Convergências conceituais e metodológicas resultantes do trabalho no Seminário Integrador 8 e no Estágio Curricular...



Ao elaborar o Projeto de Estágio, vislumbrando as temáticas das nove semanas, percebi que uma das lacunas em minha prática profissional é a dificuldade de planejar com relativa antecedência, o que já mencionei no início do semestre. No decorrer dessas dez semanas de intensas trocas e reflexões, a forma como penso e registro meu planejamento foi aprimorada, especialmente no que se refere ao planejamento pedagógico e seu caráter reflexivo. Esse aprimoramento pode ser observado na primeira e na segunda versão do planejamento semanal da quarta semana e também na reflexão desse mesmo período.
Durante a prática de estágio, registrando detalhadamente os planejamentos e as reflexões semanais e deparando-me com as dúvidas surgidas a partir desses registros, passei a pesquisar muito mais sobre os processos de desenvolvimento dos meus alunos e suas implicações no cotidiano escolar. Diante da necessidade de documentar as atividades realizadas, renovei minha capacidade de ousar e mostrar minha ousadia sem o temor de parecer exibicionista.

E por reconhecer que meus alunos precisam explorar o próprio corpo e interagir com os colegas – e comigo – através do contato físico, proporcionei momentos com essas interações, não só para desinibir, integrar ou alegrar a turma, mas também para estreitar os laços afetivos e renovar os sentimentos de amizade e união que contribuem para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem.

“Montagu (1996), explica a importância do toque corporal de qualidade na educação humana, bem como para as experiências de iniciativa e de criatividade.” Ao compreender a criança em sua totalidade como um ser que aprende e se desenvolve ao exteriorizar-se, devo, como educadora, aumentar a frequência dessas atividades expressivas, permitindo a comunicação com os objetos, com os adultos e com os iguais de uma maneira responsável, rica e afetuosa.


Referências:

KRUG, Marília de Rosso; MARQUES, Marta Nascimento. Educação física escolar: expectativas, importância e objetivos. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd122/educacao-fisica-escolar-expectativas-importancia-e-objetivos.htm Acesso em: 12. jun. 2010.


sábado, 19 de junho de 2010

LUGAR COMUM OU ASSUNTO IMPORTANTE?



Ao constatar a necessidade de realizar uma décima semana de estágio, recuperando 12 horas/aula referentes a dois feriados e uma formação continuada, elaborei o planejamento destas três manhãs de atividades contemplando uma temática em destaque na mídia televisiva, à qual meus alunos tem acesso facilitado. Assim, O BRASIL NA COPA, título dado à unidade de estudo, abordou algumas questões relacionadas ao mundo do futebol, aos símbolos nacionais e ao amor pela pátria, independente de seu desempenho nesta competição.

Confesso que fiquei dividida entre duas posturas, ou dois pensamentos:

- por que enaltecer ainda mais algo que já está recebendo demasiada importância pela maior parte das pessoas, em detrimento de outras demandas urgentes?

- já que o assunto está presente em praticamente todos os lares e as crianças trazem questionamentos e opiniões a seu respeito, por que não viabilizar uma compreensão maior do mesmo, sob outro ângulo?
Sendo assim, segui minha intuição - esta também baseada em minha formação - e optei por oportunizar diversas vivências escolares com o objetivo de despertar o amor e o respeito pela pátria, através de conhecimentos sobre a Bandeira Nacional, a entoação do Hino e o acompanhamento dos jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo 2010 na África do Sul.
Analisando minha trajetória pessoal e profissional, percebo que, em muitos momentos, mantive uma certa distância desses clichês, por considerá-los - imaginem! - deselegantes, pouco atrativos e até piegas. Ultimamente, porém, assumo um lugar na sociedade que não permite esse distanciamento das coisas do povo... Será influência de Paulo Freire, estudioso tantas vezes reverenciado em várias interdisciplinas do curso de graduação em Pedagogia?
Talvez e provavelmente sim, porque também penso que sou - e serei sempre - um indivíduo inacabado, uma educadora em formação, um ser humano em evolução. Por isso mesmo, a busca do aperfeiçoamento profissional, vinculado à realização pessoal, faz-se necessária
e urgente, tamanho o comprometimento que assumo frente às múltiplas tarefas de professora, mãe, amiga, esposa, filha... Dificuldades há, e muitas, enfrentadas diariamente com força e determinação que eu desconhecia em mim, mas com a certeza de estar no caminho certo, contribuindo positivamente para as mudanças tão necessárias em nossa sociedade. Singelamente, estas mudanças passam por meus alunos, familiares e tantos outros sujeitos que cruzam o meu caminho, deixando algo de si e levando também algo de mim...
"Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Está é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado. Paulo Reglus Neves Freire (1921 - 1997), educador brasileiro.
Referência:
PENSADOR.INFO. Frases de Paulo Freire. Disponível em:

sábado, 12 de junho de 2010

FINAL DE ESTÁGIO! O QUE FICOU?



A proximidade do final desta etapa tão esperada e ao mesmo tempo tão trabalhosa, devido a grande quantidade de registros detalhados, traz consigo uma sensação de alívio e satisfação, por uma série de motivos:
- a certeza do bom trabalho realizado, comprometido com as reais necessidades dos alunos;
- o interesse e a satisfação das crianças durante a realização das atividades
- o comprometimento de grande parte das famílias com as propostas interativas;
- o surgimento de novas estratégias de ensino, uma mescla entre o antigo e o novo jeito de pensar, registrar, aplicar e avaliar, pois...
"Pensar não se reduz, acreditamos, em falar, classificar em categorias, nem mesmo abstrair. Pensar é agir sobre o objeto e transformá-lo." (Piaget, 1972, p. 85)
Estou certa de que essas transformações no meu fazer pedagógico estender-se-ão por toda a minha vida profissional, especialmente através dos recursos de pesquisa disponíveis atualmente. Minha prioridade, a curto prazo, é aprofundar meus conhecimento sobre os modos pelos quais nos tornamos determinados sujeitos e que tipo de relações estabelecemos - conosco e com os outros - a partir das experiências que vivemos. Através desse estudo, espero obter realizações pessoais também, otimizando o meu próprio modo de interação com os meios escolar, social e familiar.
REFERÊNCIA:
PIAGET, Jean. [1972] Problemas de psicologia genética. Rio de Janeiro: Forense, 1973.






sábado, 5 de junho de 2010

Vale a pena contemplar as sugestões dos alunos?


Observei minha turma e, a partir das constatações sobre seus interesses e/ou necessidades, elaborei um projeto pedagógico, unidade temática - seja qual for o nome - que possibilitasse a construção de uma série de conhecimentos e aquisição de habilidades esperadas para a sua idade cronológica ou, melhor, sua fase de desenvolvimento.
Durante a aplicação das atividades previstas, ocorreram pequenos - e até grandes - desvios na rota cuidadosamente traçada... Por quê? Será que o assunto, as estratégias e os recursos não contemplavam, verdadeiramente, os anseios da turma? Ou fui eu que não os conduzi de maneira apropriada, desafiadora e animadamente? A falta de interesse demonstrada por alguns alunos, especialmente na construção da maquete do prédio, na criação coletiva de uma história ilustrada e na sessão de relaxamento com massagem, levou-me a refletir sobre:
- sua curiosidade não foi despertada (por quê?);
- a possibilidade de interagir com outros recursos foi mais atraente (eu não deveria disponibilizá-los?);
- poderia eu "obrigá-los" a participar? Como? E se o fizesse, que resultados alcançaria?
Ao imaginar que todos contribuiriam ativamente com as propostas apresentadas, ignorei o que já sei há tempo, mas insisto em esquecer: o fato de que cada indivíduo tem o seu tempo e o seu modo de interagir com o meio e de assimilar/acomodar os conhecimentos. O aluno que "faz tudo" não aprende necessariamente mais do que aquele que apenas observa ou ouve o desenrolar da aula; aprende diferente. A posterior retomada dos conteúdos exige novas pesquisas e intervenções de minha parte, caracterizando constantes ações reflexivas que, apesar de trabalhosas e, muitas vezes, cansativas, qualificam a minha prática profissional e proporcionam uma agradabilíssima sensação de "dever cumprido".
Segundo o educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, mundialmente conhecido a partir dos anos 60, por sua proposta revolucionária de alfabetização através da qual, para além da mera aquisição da linguagem escrita, a partir da realidade vivencial dos educandos e do diálogo permanente, busca-se a leitura e a compreensão crítica do mundo, para poder transformá-lo, "não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão."

Assumo, assim, uma postura de educadora-educanda problematizadora: questiono meus alunos sobre suas atitudes, ouço (e contemplo) suas sugestões, na medida do possível, e ainda devolvo-lhes muitos dos seus questionamentos, o que acarreta uma certa desestruturação no meu planejamento inicial, à medida que algumas abordagens/atividades são modificadas ou até eliminadas em favor de outras, mais pertinentes.
Ainda segundo Freire, não há diálogo sem amor ao mundo e aos homens, sem humildade, sem fé no crescimento do outro. Esta tríade gera, então, uma relação horizontal na educação, em que a confiança de um pólo no outro acontece naturalmente. A esperança (busca por ser mais) e o pensar verdadeiro, crítico completam a dialogicidade da educação como prática da liberdade, que começa "não quando o educador-educando se encontra com os educando - educadores em uma situação pedagógica, mas antes, quando aquele se pergunta em torno do que vai dialogar com estes." Ao analisar meu planejamento sob esta ótica, surpreende-me sua proximidade com o pensamento do grande mestre, uma vez que a organização do meu programa de ensino baseou-se muito nos Planos de Estudos da Educação Infantil, pela sua riqueza e pertinência, não como doação ou imposição, mero conjunto de informes a ser depositado nos educandos, mas devolução
organizada, sistematizada e acrescentada dos elementos que os próprios alunos me "entregaram" de forma desestruturada. O resultado? Uma educação autêntica, não de A para B ou de A sobre B, mas de A com B, em mediação com um mundo que impressiona e desafia a todos, originando visões impregnadas de anseios, de dúvidas, de esperanças (ou desesperanças) que implicitam temas significativos, base do conteúdo contemplado.
Então, já não me inquieto tanto com os "desvios de rota", mas percebo e justifico-os como consequência do papel ativo assumido por meus alunos no seu processo de aprendizagem escolar, o qual permito e estimulo, objetivando também o fortalecimento da sua autonomia e do seu pensamento crítico. E se me questionam acerca de uma dinâmica "chata" ou "sem graça", sugerindo outra, como posso reclamar de sua "audácia" ?
REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo. A dialogicidade – essência da educação como prática da liberdade. In: _____. Pedagogia do Oprimido. 40ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. p.89-101.