quarta-feira, 18 de novembro de 2009

TROCANDO IDEIAS E SUGESTÕES DE ATIVIDADES...



Compartilhar o planejamento de algumas horas de atividades com as colegas do Pead que também atuam na Educação Infantil foi um momento valiosíssimo da aula presencial do último dia 11 de novembro. A professora Iole pontuou alguns aspectos relativos à organização formal - escrita - desse planejamento, sendo que a maior parte das dúvidas foram com relação à "sistematização" solicitada nas orientações referentes ao desenvolvimento da atividade.


Para mim, ficou claro mais claro que essa atividade de sistematização é algo que está relacionado ao conteúdo escolar, como uma forma de compreendê-lo melhor através de exercícios, desafios, charadas...


No meu planejamento, a atividade de sistematização consiste na leitura do texto coletivo, cujo objetivo é oportunizar um confronto (inicial) com a leitura de palavras e frases, acompanhadas de garatujas e desenhos. De forma lúdica, utilizando a “varinha mágica”, roupas e fantasias disponíveis na sala, a professora relê o texto em voz alta, apontando com um bastão as palavras. Depois, convida um voluntário para se caracterizar como quiser e realizar a sua leitura para o grupo.


A realidade privilegiada de minha escola e das famílias dos meus alunos confirma a constatação abaixo destacada, com relação ao letramento familiar e escolar:


"Livros de literatura infantil e jogos são apresentados a algumas crianças antes de elas entrarem na escola e iniciarem formalmente o processo de alfabetização; e essa experiência dependerá de oportunidades diferenciadas de acesso a tais materiais. Durante a intervenção sistemática da educação infantil ou presenteadas pelos familiares com esses artefatos culturais e outros tantos que compõem o universo da alfabetização, como lápis, canetinhas, papel, cadernos, borracha, livrinhos de história, jogos com letras, palavras, histórias e números, etc., as crianças curiosamente exploram tais artefatos escolares, reconhecem o valor dado a eles em casa, na livraria, no supermercado e, nesse momento, ou em seguida, na escola. Soma-se tais artefatos a portadores de texto, comumente explorados em casa, como jornal, guia telefônico, bulas, receitas, notas, listas de compras, recados, etc., cujo uso não depende só do domínio da leitura e escrita, mas envolve o domínio e uso de novas tecnologias..." (Trindade, 2005)


Sendo assim, quando passam da Escola de Educação Infantil para a Educação Infantil das escolas de Ensino Fundamental, essas crianças já possuem um vasto conhecimento do mundo letrado, pois a soma das experiências familiares e das oportunidades vivenciadas na "creche" gera sujeitos mais ou menos alfabetizados ou mais ou menos letrados que merecem um olhar diferenciado em seu novo contexto escolar.



O SOL NASCE PRA TODOS...



QUANDO O SOL BATER NA JANELA DO TEU QUARTO

Não sei bem o motivo, mas já no semestre passado me lembrava da letra dessa música com frequência, ao realizar as pesquisas e refletir sobre os temas propostos pela interdisciplina de Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais. Agora, no sétimo eixo, é a interdisciplina de LIBRAS que me remete às palavras do imortal poeta Renato Russo, sugerindo, ao menos para mim, que todos temos o nosso lugar - de destaque - neste mundo, apesar de, às vezes, termos a impressão de que tudo e todos conspiram contra nós. (Ultimamente, percebo que tenho mais motivos para celebrar a vida com alegria e gratidão do que para reclamar desta ou daquela pequeneza.)

Enquanto alguns alunos - supostamente - dispõem de todas as faculdades ditas "normais", outros precisam se esforçar e muito para, a cada dia, provar o seu valor e superar os obstáculos impostos pela vida, tanto em casa, quanto na escola e na sociedade.

A maneira como evoluiram a visão da Humanidade sobre os sujeitos surdos e a educação que lhes é ofertada demonstra um certo avanço social e educacional, apesar de ainda não ser o ideal almejado e merecido por estes cidadãos.

Os Estudos Surdos - um programa de pesquisa em educação - defendem uma Pedagogia Surda, onde as identidades, as línguas, os projetos educacionais, a história, a arte, as comunidades e as culturas surdas, são focalizados e entendidos a partir da diferença e do reconhecimento político (Skliar,1999). Assim, o surdo, reconhecido como um sujeito completo e valorizado na cultura visual de suas práticas, pode empreender uma formação escolar de sucesso, valendo-se do auxílio de um professor que também é surdo, pois, além da mesma comunicação, ambos possuem identidade surda, o que contribui para uma melhor harmonia entre professor-aluno. A sala de aula proporciona ricas trocas de conhecimentos entre ambos, de forma natural, e o professor passa a ser um modelo de adulto surdo para esse aluno, um referencial para a constituição de identidades diferentes – e não deficientes, numa perspectiva futura de realização.

Um dos desafios dos surdos para sua participação ativa em diferentes instituições é optar entre trabalhar pela reforma dentro do atual sistema de ouvintes ou desafiá-lo. Mesmo negando a condição de incapacitados, os líderes surdos chegam a subscrever políticas em que organizações para surdos (dirigidas quase exclusivamente por ouvintes) conseguem grandes subsídios do governo, enquanto que as organizações de surdos não conseguem. Por que não aproveitar certas mordomias numa sociedade que os tem oprimido tanto? Estratégias como entrevistas em jornais; campanhas com panfletos, manifestações políticas; vigílias estudantis visam quebrar o silêncio de um século em torno da exclusão da cultura e linguagem dos surdos no ensino de surdos e caracterizam-se como protestos legítimos, capazes de aumentar o ímpeto do desenvolvimento de programas educativos bilíngües e biculturais para esse público realmente especial.


REFERÊNCIAS:
EDUCAÇÃO DE SURDOS. Hipertexto da interdisciplina de LIBRAS. Pead, UFRGS, 2009. Disponível em: http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/libras/unidade3/unidade3.htm

LANE, Harlan. A Máscara da Benevolência: a comunidade surda amordaçada. Lisboa: Instituto Piaget, 1992.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Teses sobre Projetos de Aprendizagem - argumentações nem tão fáceis assim!


Já no início do texto "APRENDIZES DO FUTURO: AS INOVAÇÕES COMEÇARAM!
PROJETO? O QUE É? COMO SE FAZ?"
, as autoras LÉA DA CRUZ FAGUNDES, LUCIANE SAYURI SATO e DÉBORA LAURINO MAÇADA, trazem a definição do termo PROJETO: ... São associadas a esse termo diferentes acepções: intenção (propósito, objetivo, o problema a resolver); esquema (design); metodologia (planos, procedimentos, estratégias,
desenvolvimento). Assim podem ser concebidas a atividade intelectual de elaboração do projeto e as atividades múltiplas de sua realização. (Boutinet, 1990).

Após desenvolvermos dois Projetos de Aprendizagem em momentos distintos do curso de Pedagogia a Distância da UFRGS, os elementos constitutivos dessa metodologia de aprendizagem - se é que podemos chamá-la assim - vão se tornando cada vez mais claros, ao menos para mim. Isto foi possível graças à tarefa de refletir e argumentar sobre cada etapa e recurso do PA, levando em consideração algumas teses apresentadas e o confronto das mesmas com as ideias das colegas.

Algumas conclusões que considero importantes:

A questão inicial expressa os interesses e as curiosidades que conduzirão leituras, pesquisas, entrevistas e outras ferramentas utilizadas no desenvolvimento do PA. Linguagem, Ciências, Matemática, Literatura, Arte... qualquer assunto pode tornar-se objeto de estudo.

Nossos conhecimentos prévios sobre o assunto em estudo são "checados" e, assim, novos conhecimentos são construídos: somam-se ou alteram-se informações com base nas pesquisas feitas.

A busca por respostas - de qualquer área do conhecimento - move o sujeito em direção a diferentes formas de coleta de dados, se for preciso, até que encontre - ou não - as respostas.

As ferramentas - ou os meios - utilizados para os esclarecimentos/confirmações/refutações das dúvidas e certezas norteiam a busca por respostas e conclusões.

Qualquer que seja o recurso utilizado para construir essa ferramenta, - que organiza e representa conhecimentos - ele permite que o sujeito reflita com mais clareza sobre os conceitos e as relações entre os mesmos. Assim, pode também observar a evolução da sua aprendizagem através das diferentes versões de mapas que produzirá ao longo das investigações.

Atualmente, pode ser mais difícil analisar e selecionar as informações do que simplesmente encontrá-las, afinal, são muitas fontes disponíveis, nem sempre confiáveis. Nesse sentido, a discussão entre o grupo de colegas e professores pode ser extremamente útil, não só para selecionar dados confiáveis, mas principalmente interpretar e relacionar esses dados com o assunto em questão.

Acredito que o trabalho educativo através dos PAs é viável em muitas escolas, talvez não em todas... O diferencial pode estar na interdisciplinaridade facilitada por este método de trabalho, acredito. Depende da escola, da turma, da equipe de apoio, dos familiares e, em especial, do professor!